Um estudo recente da Fundação Getúlio Vargas (FGV) em parceria com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) revelou que muitos brasileiros não conseguem diferenciar apostas esportivas, pirâmides financeiras e investimentos tradicionais. A pesquisa, divulgada nesta sexta-feira (14), indica que essa falta de discernimento é um problema generalizado no país.
O estudo também aponta que pessoas com maior conhecimento financeiro são menos propensas a se envolverem com pirâmides e apostas, mesmo que possuam traços de impulsividade ou excesso de autoconfiança. A educação financeira surge como um fator crucial na prevenção contra esquemas fraudulentos.
O levantamento, conduzido pelo professor Matheus Moura do Ibmec, entrevistou cerca de mil pessoas de diferentes idades, níveis de renda e escolaridade entre 2023 e 2024. Os participantes foram expostos a cenários de investimento tradicional, apostas esportivas e propostas de investimento em uma empresa fictícia com promessas de altos retornos (inspirada em esquemas de pirâmide reais).
Os resultados mostraram que os participantes tendem a investir valores semelhantes em apostas, pirâmides e investimentos legítimos, evidenciando a dificuldade em distinguir os riscos e as características de cada opção.
O estudo reforça a necessidade de iniciativas de educação financeira no Brasil, como defendido por instituições como o Banco Central e a Anbima. O pesquisador Matheus Moura também defende a regulamentação e fiscalização da publicidade de sites de apostas, comparando-a à regulamentação da publicidade de bebidas alcoólicas ou até mesmo à proibição da publicidade de cigarros.
Atualmente, o Congresso Nacional discute projetos de lei que visam restringir ou proibir a propaganda de apostas esportivas, seguindo uma tendência observada em países como Alemanha, Portugal, Holanda e Bélgica. No Reino Unido, a Premier League também proibirá a exibição de publicidade de apostas na parte frontal das camisas dos jogadores a partir da temporada de 2025-26.
